A Última Némesis

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

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Subtilezas de uma aura dúbia

-----Com o desespero a tornar-se um estado de espírito, a sua consciência estava invulgarmente sombria. Coisas que normalmente não faria, agiam agora de modo tão comum, livres da moralidade que parecia ébria no jorrar de incertezas ao sabor da insensatez.
-----Imersa na sensação de desencanto, que cobria a sua afeição pela memória das ternuras passadas nos braços, agora tão vulgares tão sem interesse, dessa mágoa da qual finalmente parecia libertar-se.
-----Com a intensidade de trabalho no ateliê e o divertimento de decorar o apartamento, acabou por se manter ocupada, ao que se seguiu o cansaço, deixando o corpo sem disposição para divagar em recordações ao adormecer. Não pensava, e como não pensava voltava-se para o dia-a-dia, desvanecendo a importância das lembranças suspensas, indefinidas em recusas de voltar a casa aos fins-de-semana, arranjando desculpas que se dividiam no tempo de viagem e a necessidade de toda ela ceder a mente ao repouso sem mesmo dar por isso.
-----Estava já à alguns dias a passar a rigoroso uma planta de uma moradia. Não era muito exigente mas sim um trabalho moroso sentindo o desconforto contínuo de estar na mesma posição ao estirador. Enquanto que os seus colegas tiravam um maço de cigarros do bolso e acercavam-se da varanda a arfar gestos de impaciência pelas coisas não aparecerem feitas no tempo absurdo que lhes dedicaram, Inês sem grande familiaridade à peculiar fragrância que emana da necessidade rotineira da pausa para fumar, aproveitava estes momentos para se ladear dos projectos em curso, procurando pormenores que ela teria feito de maneira diferente…
-----Menina Mathias? Pode chegar aqui? – Nunca ninguém lhe tinha chamado pelo apelido. Foi muito profissional, um pouco assustador, não conseguindo antever o que quereria.